Tudo sobre a Travessia Petrópolis x Teresópolis: Morro do Açu e Pedra do Sino
Atualizado: 20 de out.
Considerada uma das travessias mais lindas do Brasil, essa é uma das aventuras muito desejada pelos montanhistas brasileiros e também internacionais. Sem dúvidas uma travessia incrível, que eu não canso de fazer e aqui você irá encontrar tudo que precisa para ir realizar esse sonho. Saiba o que levar em um trekking.
Essa travessia pertence ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) e fica localizada no estado do Rio de Janeiro. Nesse percurso você atravessa da sede de Petrópolis até a sede de Teresópolis, caminhando aproximadamente 28km e passando pelas cidades de Guapimirim e Magé. Adquira sua passagem aérea com 5% de desconto!
* Os dados sobre "Dificuldade Média" são baseados no documento oficial da FERMEJ (Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro), clique aqui e saiba mais sobre a Metodologia de Classificação de Trilhas.
O que você vai encontrar neste post?
Qual a melhor época para fazer a Travessia Petrópolis x Teresópolis?
A melhor época para fazer a Travessia Petrópolis x Teresópolis é durante o inverno brasileiro, durante a Temporada de Montanhas. No geral o movimento aumenta entre os meses de abril a setembro, isso porque, durante esse período, o tempo é mais estável (menos chuvas e menor chances de raio), clima mais ameno (atenção às vestimentas) e os dias são mais limpo e incríveis. É possível realizar montanhismo o ano inteiro, porém é essencial procurar uma boa janela no tempo e saber de todos os riscos envolvidos.
Quais são os principais riscos dessa Travessia?
Se perder durante o trajeto, principalmente no segundo dia ou até no primeiro caso baixe um nevoeiro;
Se lesionar nos trechos técnicos (e em outros também) e não conseguir terminar o percurso;
Chuvas e raios, se tornando mais vulnerável a acidentes ou grandes transtornos;
Hipotermia, assim que o sol se põe a temperatura cai muito.
Qual a dificuldade da Travessia Petrópolis x Teresópolis?
A travessia não é para iniciantes e exige um preparo físico e mental, porém seu nível de dificuldade vai aumentar ou diminuir de acordo com o estilo de travessia que você resolver realizar.
Mas por que o nível de exigência varia de acordo com o estilo?
Você pode realizar a Travessia de formas diferentes, as principais são:
Trekking de 3 dias: Petrópolis x Teresópolis (tradicional ou sentido inverso) ➞ Travessia mais pesada, porém com maior aproveitamento de cada cantinho.
Trekking de 2 dias: Petrópolis x Teresópolis (ou sentido inverso Teresópolis x Petrópolis)
Trilha de 1 dia: Petrópolis x Teresópolis (ou sentido inverso) ➞ Travessia onde você pode ir mais leve em relação a bagagem, porém em um ritmo mais rápido e intenso.
Meu foco nesse post será a primeira opção, mas toda informação contida também se encaixa para as outras opções, então você pode utilizar como base para o tipo que preferir, incluindo, por exemplo, somente realizar a subida ao Morro do Açu ou a subida da Pedra do Sino.
O sentido Petrópolis x Teresópolis se justifica tanto pela menor dificuldade na passagem de determinados trechos críticos, quanto pela beleza da paisagem, podendo ser admirada de frente a majestosa cadeia de montanhas da Serra dos Órgãos.
✔ Roteiro da Travessia: Dia 1 – PARNASO Petrópolis x Morro do Açu
Distância: 8km / Tempo: 6 a 8 horas / Altimetria: 1.145m+
A subida até o Morro do Açu é considerada pesada por ter bastante subida saindo de 1.100m para atingir 2.216m, uma diferença altimétrica considerável. Entretanto, o caminho é tão prazeroso e bonito que você mal percebe o tempo passar.
1ª Parada: Pedra do Queijo
Depois de aproximadamente 1h/1h30min de subida se chega na Pedra do Queijo. É possível ver diversas montanhas de Petrópolis, destacando os Picos do Alicate e Alcobaça e a vista para o Vale do Bonfim.
2ª Parada: Ájax (Fonte de Água)
Nesse momento já se caminhou 5km, porém os últimos são os mais íngremes. A caminhada até aí é de aproximadamente mais 30min. É conhecida como a parada do almoço, mas caso você não tenha fome ou chegue cedo demais pode seguir rumo a subida da Isabeloca. Importante verificar na entrada do parque como estão os pontos de água e lembre-se sempre de purificar a mesma antes de ingerir. Você pode utilizar filtros como Sawyer, Purific ou Clor-in por exemplo.
3ª Parada: Chapadão do Açu
Nesse momento, você terá vencido o trecho mais íngreme do primeiro dia e já estará em pontos maravilhosos, para observar as montanhas e fotografar muito! A subida dura em torno de 20min e você chega na famosa cota 2.000m de altitude.
4ª Parada: Mirante do Graças a Deus
Esse é o meu ponto favorito na subida do Morro do Açu, é quando você percebe: “olha onde eu estou!”. Aqui, faltam menos de 2km para o fim do primeiro dia e a maior parte agora é quase plana.
5ª Parada: Chegamos!
Recomendo montar cantinho para passar a noite e depois desbravar mais um pouco a região. Subindo os Castelinhos do Açu e pegar um pôr do sol no Morro do Açu (onde possui uma cruz). O Castelo do Açu é o ponto mais alto do Setor Petrópolis (2.183m)
Onde pernoitar no Morro do Açu?
Pernoite em Abrigo – (até 2022 se encontrava fechado)
Caso você escolha o abrigo, sua caminhada será mais leve, pois você pode levar menos equipamentos, logo, menos peso. Lá você encontra cozinha e utensílios, assim como um local protegido para dormir podendo ser beliche ou bivaque. Quando liberado, você precisa agendar e pagar um valor um pouco mais alto. Se essa for a sua escolha, não é considerado trekking e sim multi-day hiking.
Pernoite em Camping
Eu recomendo essa opção caso você queira viver o trekking na sua integridade, eu acho que você tem mais privacidade e terá uma noite melhor de sono, além da experiência. Nesse caso, você pode reservar essa opção, lembrando que você não tem acesso aos utensílios do abrigo.
Como funciona o banho?
Há duas opções: acesso ao banho gelado e ao banho quente.
O acesso ao banho gelado é gratuito e para todos, assim como acesso a água para beber, cozinhar e limpar. Já o acesso ao banho quente é pago.
Outra opção é o famoso "banho de gato", podendo ser feito com uma toalinha úmida com água (pode ser aquecida, caso deseje) e sabão (biodegradável) ou até lencinho umedecido (particularmente, não gosto muita dessa opção pela maior quantidade de lixo gerado).
⚠ TODO O LIXO deve ser carregado com você até o fim da travessia!
✔ Roteiro da Travessia: Dia 2 – Morro do Açu x Pedra do Sino
Distância: 8km / Tempo: 6 a 8 horas
Esse é o dia que você irá entender porque essa travessia é considerada uma das mais bonitas do Brasil e também vai ser o dia com maiores desafios com a presença das partes mais técnicas.
Se você tiver com disposição, pode acordar para assistir ao nascer do sol ali no abrigo (ou na região) ou até mesmo no Morro do Marco que é bem comum, porém terá que acordar mais cedo. Após desmontar o acampamento e colocar a mochila de volta nas costas é hora de seguir a travessia.
1ª Parada: Morro do Marco
Após 30min de descida e subida (1km de distância), se chega no Morro do Marco. Nesse momento, as escalaminhadas já estão mais presentes e você percebe a diferença do dia anterior. É bem comum você encontrar descidas íngremes em jaledos de pedra, então é importante ir com um calçado adequado com boa aderência e os bastões de caminhada serão grandes aliados durante todos os dias.
Na descida do Morro do Marco, uma opção é pegar um desvio para trilha que te leva até Portais de Hércules. Esse mirante com certeza foi um dos mais lindos que eu já vi, porém esse desvio vai aumentar em torno de 3h do seu dia. Você vai ter um visual incrível das cadeias de montanhas do PARNASO e do Vale da Morte.
Existem também algumas formas de conhecer Portais de Hércules podendo ser feito no segundo dia da travessia, no primeiro dia junto com o Açu, pode ser feito um pernoite no Açu com o intuito de ir até Portais ou ainda no estilo bate e volta. Cada opção possui suas vantagens e desvantagens. Eu optei pela primeira opção.
Portais de Hércules não como um pico, mas como um mirante incontestavelmente privilegiado que oferece uma vista única do Big Four, quatro grandes montanhas da serra: o Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora, Cabeça de Peixe e Escalavrado; e também de outras montanhas como São Pedro, Pedra do Garrafão, São João, Cavalo Branco e Coroa dos Frades.
2ª Parada: Morro da Luva
Até o próximo ponto se tem mais 30min de caminhada e no caminho se passa por uma cachoeirinha com sombra, que pode ser um ponto de descanso e reabastecimento de água, caso precise, restando ainda 5km de travessia.
3ª Parada: Elevador (⚠ primeiro trecho técnico: Via Ferrata)
Na descida, se passa por outro ponto d´água e pode ser um ótimo ponto para almoçar e se preparar para a subida do elevador. A subida do elevador é uma via ferrata, ou seja, uma trilha aberta na pedra com vergalhões chumbados na rocha. É bem comum ele estar escorregadio, então é muito importante tomar cuidado, principalmente devido ao peso.
No geral, as pessoas sobem sem proteção alguma, porém caso não se sinta confortável ou tenha dificuldade na distância dos degraus (meu caso, porque sou pequena), você tem algumas opções: pode pedir para alguém te dar segurança de cima (como uma escalada), você pode subir em artificial com auxílio de um estribo ou ir somente clipando seus mosquetões da solteira nos vergalhões. No geral, já temos os equipamentos por causa do mergulho e cavalinho, então, acho que não custa nada utilizar para te fazer se sentir melhor e em segurança.
4ª Parada: Morro do Dinossauro
Esse é meu trecho favorito na travessia, o mais lindo de todos. Aqui, faltam apenas 2,5km até o fim do dia de hoje, e já tem se passado mais uns 40min caminhando. Nesse ponto é bem nítido a Pedra do Sino (nosso último destino do dia), a Pedra do Garrafão que é super imponente, e vários outros cumes da Serra. Também é possível ver o Vale das Antas, sendo a próxima parada. Esse é o ponto perfeito para tirar fotos, porém não recomendo ficar por muito tempo em nenhuma parada, afinal, ainda se tem uma longa caminhada pela frente.
5ª Parada: Vale das Antas
Mais uma parada na sombra (aproveite elas!), porque realmente a maior parte do dia é sob o sol. Depois dela, se tem mais uma subida íngreme até o Dorso da Baleia, com aproximadamente 30min também.
6ª Parada: Mergulho (⚠ segundo trecho técnico)
Nesse trecho temos uma descida entre as rochas, em um primeiro momento pode até parecer uma escalaminhada, mas é recomendado o uso de corda (principalmente por conta do peso, é importante que ninguém se lesione, não é mesmo?)
Pode ser que apenas uma corda de apoio te ajude, mas descer de rapel é mais seguro e proveitoso e ainda tem a vantagem de conseguir descer com a mochila de forma mais equilibrada. Após isso, se segue para mais uma subida íngreme até o famoso Cavalinho.
7ª Parada: Cavalinho (⚠ terceiro trecho técnico)
O trecho do Cavalinho é um ponto que assusta muito as pessoas, pelo medo da queda. Isso porque durante a escalaminhada, tem uma pedra maior no caminho, num ponto exposto e íngreme e você tem que ultrapassa-la. É recomendado o uso de equipamento de segurança para passar, porém não é essencial dependendo da sua experiência em escaladas, por exemplo. Mas lembre-se que você tem uma mochila bem pesada nas suas costas e você tende a estar cansado fisicamente e mentalmente.
Ela se chama cavalinho justamente porque você vai montar na pedra, apoiando-se na pedra esquerda e subindo a direita para subir, utilizando seus braços para ajudar. Preze pela sua segurança!
Depois de passar pelo cavalinho, ainda se tem alguns pequenos trechos que pode ser que você tenha dificuldade, porém sem mais surpresas, uma trilha estreita que vai te levar até o Abrigo 4 ou até o cume da Pedra do Sino. Inclusive, você vai passar pela tão deseja plaquinha indicando que a travessia acabou. Recomendo passar no Abrigo 4 e montar acampamento e depois subir a Pedra do Sino para ver o pôr do sol (caso ainda haja tempo).
Onde dormir e tomar banho?
As informações do dia anterior também se encaixam para o segundo dia, a maior diferença é que do abrigo você não consegue nem ver o pôr ou nascer do sol, então é recomendado passar na Pedra da Baleia ou Pedra do Sino.
✔ Roteiro da Travessia: Dia 3 – Pedra do Sino x Sede Teresópolis
Distância: Fácil / 11km / Tempo: 4 horas / 1.175m diferença
💡Recomendo fortemente acordar para ver o nascer na Pedra do Sino, um dos mais lindos que já vi. Separe uns 40min para chegada, para poder aproveitar cada luz surgindo e subir com calma. A Pedra do Sino é o ponto mais alto da Serra dos Órgãos com 2.275m.
Nascer do Sol Pedra do Sino
O visual além do mar de nuvens, é lindo demais para todas as montanhas da Serra. Após a descida, você pode passar pela Pedra da Baleia e depois seguir para o Abrigo 4 e tomar um delicioso café da manhã. Esse dia é mais tranquilo então dá para fazer tudo com mais calma e aproveitar bem antes da saída.
A descida é muito suave em comparação com a subida, por ser uma constante descida não tão íngreme. Para muitas pessoas (inclusive para mim), esse trecho é bem desafiador por causa do joelho, então nessa hora você vai agradecer por ter bastões de caminhada.
Após uns 30minutos de caminhada, tem uma bifurcação para a Pedra do Papudo, caso você queira fazer um desvio. Será uns 40min de subida até ela e um super visual da Serra, ou você pode optar seguindo seu caminho. Você também pode pegar a trilha para o Paredão Paraguaio e diminuir a quilometragem, porém o percurso é mais íngreme. Não é atalho, é uma trilha de fato.
1ª Parada: Cachoeira do Papel
Pode ser um ponto de reabastecimento de água e descanso, você pode contar mais umas 1:30h de descida a partir desse ponto (em um ritmo normal), faltando em torno de 3,5km.
2ª Parada: Cachoeira Véu da Noiva
Também pode ser um ponto de reabastecimento de água e descanso e estará faltando em torno de 50min de descida faltando em torno de 2km.
3ª Parada: FIM!
Aqui se finaliza a travessia e você sente que venceu mais um desafio e viveu uma experiência maravilhosa!
O que levar para a Travessia Petrópolis x Teresópolis?
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Informações e Orientações para Travessia
Chegando de Carro:
Petrópolis existe um estacionamento há menos de 10min de caminhada da entrada da portaria que custa R$10 - Kevin
Teresópolis existe o próprio estacionamento do parque
Existem pessoas que levam seu carro até o outro lado da travessia ou que podem te pegar e levar até o carro
Chegando de Ônibus ou Transfer:
Para ambos os caminhos é possível chegar de ônibus com uma pequena caminhada
Uber e Transfer: É possível e vantajoso se você estiver com um grupo
Endereços:
É obrigatório contratar um guia?
Todos os atrativos do PARNASO podem ser visitados sem o acompanhamento de um Guia ou de um Condutor de Visitantes. Entretanto, para algumas atividades como escaladas e caminhadas nas áreas de montanha, como essa Travessia, se recomenda a presença de uma pessoa que conheça o atrativo.
⚠ Antes de visitar o PARNASO é importante conhecer as Regras de Uso Público do PARNASO e algumas normas de conduta consciente em áreas protegidas.
🔗 Links que podem te ajudar:
Para acessar a área de montanha é necessário o preenchimento do Termo de Conhecimento de Riscos: clique aqui para acessar
Menores de idade desacompanhados dos pais, devem apresentar autorização dos pais ou responsáveis.
Não é permitida a entrada e a permanência de animais domésticos no PARNASO.
Suas informações sobre essa fantástica travessia são as melhores... detalhadas em fotos e texto. Muito completa. Parabéns!!! (fiz ela duas vezes, é realmente linda, a parte que mais gosto tmbém é o Morro do Dinossauro)
Parabéns pelo review e pelas dicas da travessia! Perfeito! tudo muito bem feito e completissimo, cheio de informações! 😁